"O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento..." Oséias 4:6
A palavra conhecimento se repete na Bíblia quase que inúmeras vezes, a maioria delas para se referir ao conhecimento de Deus, depois para se referir à própria sabedoria, de Deus e a humana. O texto citado acima para mim é o mais forte, ele revela o destino de um povo sem conhecimento. O capítulo 4 de Oséias revela que as mazelas tomam conta de uma sociedade distante de Deus e de seu conhecimento, ela perde seu senso de ética e moral e passa a aquilatar valores imorais como se fossem morais.
A presença do profano é mais forte que a do sagrado (4:2), a alma se torna insaciável (4:10), pois a única coisa que acalma a fome espiritual do homem é o conhecimento de Deus pela sua Palavra.
Um dos maiores erros das denominações evangélicas é priorizar suas linhas teológicas e preservar suas tradições em detrimento do conhecimento. Ao falar de conhecimento aqui não me refiro apenas ao espiritual e teológico, mas o conhecimento como tudo que tem relação com o sujeito que deseja conhecer e o objeto do qual se quer adquirir conhecimento; ou, ato ou efeito de abstrair idéia ou noção de alguma coisa.
Por muito tempo a Assembléia de Deus entendeu que conhecimento só estava relacionado com as questões bíblicas e espirituais. Até nossas lições bíblicas da Escola Dominical estavam atreladas àquilo que a Bíblia apresenta, daí o uso abusivo dos personagem bíblicos, tornando o ensino limitado. Em 1998, no Primeiro Congresso Nacional de Escola Bíblica Dominical no Rio Centro, capital carioca, vi o Pr. Carlos Tolentino, então Pastor da Assembléia de Deus em Feira de Santana, falar para uma plenária de quase 5.000 pessoas, a necesidade de tratarmos de temas atuais, principalmente com o público adolescente, e pararmos de achar que o conhecimento só seria adquirido de continuássemos tratando só de personagens bíblicos. A idéia do Pastor era que temas como: clonagem, internet, AIDS, entre outros, passassem a ser abordados em nossas Escolas Dominicais, afinal, o conhecimento é infindável e precisa ser atualizado.
Por deixar de lado o conhecimento, alguns líderes da Assembléia de Deus mantiveram seus fiéis na escuridão da ignorância, lhes revelando apenas o que chamavam de "necessário" para a Igreja, e este necessário era sempre os supostos ensinos bíblicos e espirituais. A denominação nunca tratou da vida política e social da Igreja, o seu papel na sociedade e suas relações com os grupos sociais. Um exemplo clásico é o desastroso caso ADESAL X CEADEB. Os líderes da Adesal (Assembléia de Deus em Salvador), sempre tratou a CEADEB perante os membros da Igreja como uma outra Igreja. A CEADEB era nossa, fazia parte de nossas tradições e eventos de grande porte como as chamadas convenções anuais e reuniões de obreiros. A igreja se reunia para orar pela tal Convenção e seus ministros, porque aquilo era nosso, fazia parte de nós!
Mas na verdade estávamos enganados, os membros estavam enganados, eles não receberam nenhuma orientação de que a Convenção fosse apenas (e é), uma associação de pastores. Nós líderes omitimos esta verdade aos membros. Resultado? Diante das questões administrativas entre ADESAL e CEADEB, diante da impossibilidade de acordo entre as partes, resolve-se que a parte que se sentiu prejudicada, que eram os ministros da Adesal, únicos na Igreja de Salvador a terem vínculo com a CEADEB, deveriam pedir desligamento.
Minha pergunta baseada em Oséias 4:6 é? Quem perece quando há falta de conhecimento? É óbvio, a resposta está no texto, o povo. Quem, no lamentável episódio ADESAL e CEADEB, saiu perdendo? Os fiéis que sempre foram reféns da falta de conhecimento, reféns de um sistema que não educou e não discutiu com transparência seus problemas.
De um lado os ministros da Adesal dizendo aos seus membros a verdade: A Convenção é uma associação de Pastores e cabiam ao quorum dos Pastores a discussão e decisão de continuar ou não ligados à CEADEB. Sim, era a verdade, mas dita tarde demais. Além de ser dita tarde demais ela contradizia-se com aquilo que sempre passamos para os membros: somos da CEADEB.
Do outro, a CEADEB, fazendo-se valer da ignorância das ovelhas para perpetuar a falsa idéia alimentada pelos próprios ministros da Igreja em Salvador: vocês são nossos e sair de nós, é rebeldia. Que rebeldia? Rebeldia a uma instituição de pastores? Uma instituição política?
Mas, fazer o quê? Fomos nós que plantamos isto, fomos nós que não ensinamos, fomos nós que conduzimos o povo ao erro, porque não os ensinamos, não dissemos antes a eles que a CEADEB ou qualquer outra Convenção neste país, é apenas associação de homens, nada mais, elas são na maioria das vezes regidas pela política e ganância dos homens. A Igreja não, ela foi fundada por Jesus, seja Adesal ou qualquer outra nesta nação.
Meu lamento é ver hoje um triste retrato da Adesal: Igrejas feridas, destruídas. Igrejas históricas em Salvador se tornarem palco de brigas e disputas por causa de homens maus, lobos no meio das ovelhas.
É triste ver os desavisados gritando aos quatro cantos da terra em favor de uma Convenção, enquanto tripudiam da Igreja, enquanto descem moralmente usando todo tipo de adjetivos, sem nenhum constrangimento, publicamente, atingindo a moral das pessoas e envergonhando o nome de Jesus Cristo.
Sabem de uma coisa? Nem Adesal, nem CEADEB estão totalmente certas, quando falo ADESAL ou CEADEB refiro-me aos seus líderes, os que causaram toda esta balbúrdia.
Quanto aos fiéis da Assembléia de Deus em Salvador, deveriam cada um ficarem em seus lugares, esperando a volta de Cristo. Ficarem em suas igrejas onde sempre cultuaram a Deus e por ela trabalharam. Que possam ser capazes de entender que estão sendo massa de manobra, que estão inconscientemente atendendo a caprichos humanos, que estão jogando fora tudo que plantaram com lágrimas trabalho. Que possam, ao invés de sairem de suas igrejas, unirem-se em oração para um tempo de arrependimento por parte de todos os ministros da Assembléia de Deus na Bahia.